terça-feira, 26 de novembro de 2013

,bad day,

Toda a gente tem maus dias, quer dizer nunca são tão péssimos assim, nem tão maravilhosos. Dias menos bons então.
Nesses dias parece que nada corre bem, por muito bem que tudo esteja, se as coisas acontecem de manhã nós achamos que deveria ser á noite, se nos vestimos de preto achamos que deveríamos estar de branco e ainda pensamos "logo hoje fui-me vestir de preto, o dia está mesmo a ser péssimo." e se nos tivéssemos vestido de verde talvez diríamos "ainda dizem que verde é cor da esperança, só se for que amanha corra melhor."
Pois é, a necessidade humana chama-nos para embirrar com os dias quando a culpa é nossa. Nós é que nos vestimos de preto, nós é que nos esquecemos da chave de casa não foi ela que se escondeu, nós é não evitamos aquela pessoa ou não demos a volta àquele assunto, não foi ela que exactamente neste dia nos decidiu trazer assuntos que nos aborrecem.
E se eu te dissesse que exactamente no dia em que embirraste com tudo, passaste pela "tua pessoa"?
Pois, agora a conversa é outra, até tiveste a sensação que o teu cabelo estava despenteado, ou que a camisa está enrugada e agora sorriste, porque sabes que é verdade.
Talvez a tua pessoa esteja num dia mau também, ou num dia bom porque te viu passar de preto, com o cabelo desajeitado e com uma cara que infelicidade significa pouco, e apesar dela também não saber que és a "sua pessoa" ela não te esqueceu o dia todo e sentiu-se bem por estar melhor que tu e sentiu-se mal por ver alguém tão em baixo. E cria-se uma ligação sem sabermos, sem falarmos e até mesmo sem cruzarmos o olhar, porque estávamos demasiado cabisbaixos para isso.
Por isso é que ,bad day, está entre virgulas, porque nada é tão mau o suficiente para estar sozinho.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

sussurros

Dói, dói tanto! Já dói á mais de uma hora, já dói á mais de um dia e esta dor não cessa, apenas corrói a esperança de um dia conseguir encher o peito de ar, de um dia o pássaro ganhar asas e voar.
Foi tudo tão real, foi tudo tão vivido de maneira tão intensa que se tornou numa mancha de gordura que caiu no vestido.
É triste quando as lindas histórias de amor acabam assim, e pior que um vestido manchado é um coração estragado.
Foram dias e dias a lutar por nós, pela nossa relação amorosa, que pensando bem talvez já nem fosse tão amorosa quanto isso. Talvez fosse mais uma ligação temporal, uma ligação que se fortaleceu com o passar do tempo ao lado dele.
Sim é irónico, o facto de dar-mos tanto a um outro alguém, de partilhar-mos tanto, de nos entregar-mos totalmente e depois no fim de tudo, isso não valer de nada e nem sequer ser um pretexto, um motivo para não o deixar partir.
E é assim que o fim de tudo começa.
Abre-se uma porta, desocupa-se a casa, ele sai e nós ficamos deitadas a chorar, com a esperança de que ele repare que não está a fazer o melhor para os dois, como pensa, está sim a fazer o melhor por ele, está a estragar os sonhos de alguém, a felicidade de alguém, a deitar fora pela janela uma compilação de melhores momentos da vida a dois, só porque “é o melhor neste momento”.
E passado alguns minutos já não está lá, já só se ouvem os barulhos do exterior, e uns soluços sem parar no quarto. Saiu, fechou o nosso coração, encheu-nos de tristeza e sem esperança naquele quarto que ainda tem o seu odor, que ainda sente o seu respirar e ainda ouve a sua voz.
Acabou-se a vida a dois, começou cada um por si, ou não, talvez ele até tenha outra á espera dele, talvez ele até tenha muitas, a cabeça começa a encher-se de ideias que apertam ainda mais o coração já quase desfeito.
E agora eu aqui deitada na cama, relembro todos os momentos que passamos juntos, as discussões por nada que tínhamos todos os dias, de manha, ao meio dia, e casualmente á noite. De facto a noite era o melhor momento do nosso dia. Era quando tudo acontecia, quando havia tempo para nós, quando estávamos inteiramente juntos, sem pressas para nada, apenas eu ele e a noite.
As nossas fantasias, os nossos segredos, a nossa intimidade, ai a nossa intimidade! Essa estava toda ali, muitas vezes disfarçada de gata, de bailarina do que fosse, era só ele sonhar e tinha sempre tudo quanto queria.
Não posso dizer que muitas vezes não errei, errei sim, errar é humano e faz parte, mas talvez os meus erros alimentaram ainda mais o algo que ele não tinha, o algo que ele procurava.
As pessoas ao meu redor, uma ínfima parte que me tenta acordar para um novo “eu”, acredita que talvez tenha sido mesmo melhor assim, mas essas pessoas não compreendem quanta falta ele me faz, quanto arrasada estou por dentro, e nem que fosse por um bocadinho, eu ia quere-lo sempre de volta.
Um toque, um beijo, uma carícia, um abraço, apenas e só isso. Queria por breves momentos sentir aquele quentinho no coração, esboçar aquele sorriso nos lábios, viver a felicidade outra vez.
Coitadinha, pensam muitos, vadia, pensam outros, parva, penso eu. Sei que carrego comigo a culpa da sua partida, sei que fui eu que falhei, era eu quem deveria ter dado mais de mim porque ele já era perfeito da maneira que era.
Apesar de ouvir que é bom estar assim, “livre”, que eu não tenho culpa e que ele é um cobarde, que tinha que acontecer isso porque o destinos está traçado, eu não mudo as minhas ideias e pior que isso eu não toco nos meus sentimentos, que neste momento estão tão feridos que apenas um toque iria ferir ainda mais.
O amor é estranho, é forte, o amor dói.
Só quem nunca amou é que não sabe o quanto o amor dói, só quem nunca sentiu arrepios no peito é que não sente um aperto quando algo parece estar menos bem.

Your dream

Tu és assim, meia rebelde meia compreensiva, meia bruta meia querida.
Deixas os teus cabelos longos esvoaçar ao vento, enquanto o frio te corta a respiração, e enquanto os sentimentos te cortam a razão.
É difícil seres tu e é difícil ser eu, sendo que talvez poderíamos ser a mesma pessoa, um só, compreendes o que tento dizer?
Tu o meu apoio e eu o teu desequilíbrio, eu a tua razão  e tu o meu coração.
Conheço-te bem a palma a da mão, conheço-te melhor do que talvez tu te conheças a ti. Vês aquela pessoa ali no espelho, sim essa, uma mulher com garra, carisma, força. Uma grande mulher com sonhos de menina, e posso nem ser eu, posso nem ser eu que te ajude a realizar os teus sonhos, que esteja lá para ver o teu brilhante sorriso, mas sabendo que os realizas eu, interiormente, assumo a tua alegria e deixo-te viver da forma como gostas, livre, sem pressões, apenas um dia de cada vez.

Mas se alguma vez o teu sonho for eu, então considera-te uma menina á procura de um novo sonho, porque tu já és o meu.
  Ana Silva, 25 de Novembro de 2013