quarta-feira, 16 de julho de 2014

Visionários, videntes, milagreiros, bruxas, cartomantes, ou simplesmente pessoas. 
Sim, pessoas como nós, simples, pessoas que dormem a horas ás vezes, outras nem por isso. Mas na vida temos que puxar os limites, criar resistências, para fortalecermos algo no nosso interior.
Uma noite mal dormida é pior que uma noite não dormida. 
Uma noite mal dormida engana-nos, faz-nos acreditar que estamos a descansar, quando na verdade o nosso cérebro está numa actividade quase ridícula. Faz-nos adormecer sobre assuntos que nos baralham a mente, que nos cansam tanto a cabeça que na verdade só queremos adormecer. 
A cabeça dói, a mente está baralhada, nós estamos cansados e a noite vai alta com um despertador que vai ecoar bem cedo.
Então com esta agitação toda, o coração lembra-se que está sozinho, quando após voltas e voltas na cama, os nossos braços, as nossas mãos não encontram ninguém. E aí nem bruxas, nem crentes de uma vida acreditarão em noite bem dormidas durante muito tempo. Passamos do inverno ao inverno sem o calor tocar nas pontas dos dedos e fazer estremecer o nosso cérebro. 
Assim, ao menos seriam noites não dormidas pelo calor em vez de noites mal dormidas pela falta dele.  Sofia Silva. Julho de 2014

     


sexta-feira, 30 de maio de 2014

O que queremos é sorte

Disseram-me que se fossemos persistentes, se fossemos boas pessoas e se fossemos bons no que fazemos conseguiriamos tudo o que queremos na vida.
Durante este  tempo todo quis acreditar nisso, se bem que nada ou muito pouco pensei sobre o assunto. Mas mesmo assim, era um facto presente em mim.
Visto assim parece fácil ter tudo o que queremos, o problema é que a teoria muitas vezes pode ser bem diferente da prática. Primeiro é preciso ter tempo e paciencia para se ser persistente, é preciso ter força e coragem, porque ouvir uma serie infindável de "nãos", o que não é fácil de gerir e impossivel de evitar que nos afecte psicológica e emocionalmente.
 Depois ser boa pessoa, isso é relativo, no fundo toda a gente é boa pessoa, dentro de certos limites. Eu sou boa pessoa e não deixa de ser por isso que não chore por algum amor perdido, se calhar ainda choro mais por ser boa pessoa. Por dar tudo de mim e não receber nada de volta. Isso tirar-nos a vontade de ser boas pessoas.
 E por fim, se formos bons no que fizermos, isso acredito que consigamos ganhar muito com isso, mas mesmo assim isso não é tudo.
Acho que na vida todos precisamos de uma boa dose de sorte. O nosso "pack biológico" traz sorte, mas nem sempre é a suficiente. Uns têm mais, outros nem tanta. Alguns precisam de muita outros nem por isso.
Eu gostava de ter mais um bocadinho e com açucar, por favor. Preciso de uma sorte docinha, que me traga uma tempestade de emoções e vire tudo ao contrário.
Vamos agitar a ampulheta. 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

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O seu jeito era mesmo assim. Usava qualquer coisa para se proteger, para não mostrar a maravilhosa pessoa que era.
Ou melhor, fazia de tudo para não mostrar a sua verdadeira essência, se gostasse de azul fazia com que as pessoas pensasse que era verde. Nunca percebi bem porque fazia isso, porque na verdade isso ainda a tornava uma pessoa mais interessante,
Há quem goste do factor mistério nas outras pessoas, mas acho que ali ne era mistério, era mesmo uma maneira de ser particularmente charmosa e que aos mais distraídos nada importava, assumiam aquilo como parte do caracter e não pensavam mais nisso, mas eu fiquei fascinada desde o primeiro momento.
Aquele silêncio que se fazia entre conversas acabou por me ensinar mais que vários dias de conversa, e aquela maneira de ser tao reservada acabou por me fazer querer saber mais um bocadinho sem perguntar.
Mas o mais incrível era quando se quebrava o silêncio com algum assunto cativante, os seus olhos acendiam-se e era como se visse duas luzinhas aproximarem-se tão rapidamente que no segundo seguinte já estavam os seus olhos brilhar tanto que acabava por contagiar os nossos e criava-se ali uma empatia de sorrisos e crescia em mim uma vontade ainda maior de estar ali para qualquer momento, para quando os olhos brilhassem, para quando o seu jeito mais rebelde se soltasse e criasse uma onda de mau humor em torno do que tinha culpa e do que nao tinha, na verdade, quem me dera a mim perceber mais daquela personalidade, tao forte, tao diferente, decidida e tao própria. Quem me dera a mim algum dia puder dizer com certezas o que se passava naquele mundinho que na verdade era um pouco distante do nosso mundo. No dia em que eu me aproximar, posso dizer que conquistei uma pequena parte de muita coisa, principalmente de uma acolhedora amizade.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Portas no mundo

"Há muitas portas no mundo", foi esta a frase que me inspirou.
Há muitas portas no mundo e janelas certamente também, fecha-se uma porta e abre-se uma janela, ou não fossemos nós correr o risco de descobrir que temos claustrofobia. Agora que parece moda todos os medos terem um nome exageradamente grande e difícil de pronunciar.
E quem tem medo de janelas ou de portas como se chama?
Se cada medo tem um nome, biofobia e sociofobia, que é o medo da vida  e o medo social respectivamente, deveriam estar associados ás portas e ás janelas que temos que abrir paras as pessoas que estão do outro lado, para as pessoas que nos fazem abrir as nossas janelinhas que vêm o mundo.
Vamos lá ganhar coragem para abrir, não uma porta, mas sim um portão. Eu sei que tens medo que seja o errado, mas depois não vale a pena abrir uma janela, porque o que tiver de ser será e se estiver á tua porta, estará também á tua janela, porque o medo está em nós e se não o arrumarmos em casa certamente ele nos vai esperar nem que seja no telhado.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Escada

Esperei sentada naquele lance de escadas onde nos conhecemos. Esperei sem saber se voltavas ou não, se ainda te lembravas daquele lugar, e mais importante que isso, se te lembravas de mim.
Eu lembrava-me tão bem de tudo, do frio que sentia nas minhas mãos á espera de serem aquecidas pelas tuas, do calor que sentia no peito por estar tão perto de ti, lembrava-me de todos os detalhes, de que cor era a tua camisola, o que disseste e o que eu não disse. E o pior foi o que eu não disse e o que o meu olhar não mostrou. Tentei disfarçar de todas as maneiras possíveis o quão feliz eu estava pela tua companhia e quanto eu queria que aquele momento não acabasse.
E agora eu nas mesmas escadas, lembro-me ainda melhor, porque o tempo fez-me prisioneira daquele momento, fez-me pensar em repensar no porquê de eu ter escondido o brilho do olhar de uma paixão, de eu ter guardado para mim, quando poderia ter guardado para nós, e agora não estaria aqui sozinha a imaginar-te a sorrir, estaria a partilhar sorrisos e momentos contigo.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

,bad day,

Toda a gente tem maus dias, quer dizer nunca são tão péssimos assim, nem tão maravilhosos. Dias menos bons então.
Nesses dias parece que nada corre bem, por muito bem que tudo esteja, se as coisas acontecem de manhã nós achamos que deveria ser á noite, se nos vestimos de preto achamos que deveríamos estar de branco e ainda pensamos "logo hoje fui-me vestir de preto, o dia está mesmo a ser péssimo." e se nos tivéssemos vestido de verde talvez diríamos "ainda dizem que verde é cor da esperança, só se for que amanha corra melhor."
Pois é, a necessidade humana chama-nos para embirrar com os dias quando a culpa é nossa. Nós é que nos vestimos de preto, nós é que nos esquecemos da chave de casa não foi ela que se escondeu, nós é não evitamos aquela pessoa ou não demos a volta àquele assunto, não foi ela que exactamente neste dia nos decidiu trazer assuntos que nos aborrecem.
E se eu te dissesse que exactamente no dia em que embirraste com tudo, passaste pela "tua pessoa"?
Pois, agora a conversa é outra, até tiveste a sensação que o teu cabelo estava despenteado, ou que a camisa está enrugada e agora sorriste, porque sabes que é verdade.
Talvez a tua pessoa esteja num dia mau também, ou num dia bom porque te viu passar de preto, com o cabelo desajeitado e com uma cara que infelicidade significa pouco, e apesar dela também não saber que és a "sua pessoa" ela não te esqueceu o dia todo e sentiu-se bem por estar melhor que tu e sentiu-se mal por ver alguém tão em baixo. E cria-se uma ligação sem sabermos, sem falarmos e até mesmo sem cruzarmos o olhar, porque estávamos demasiado cabisbaixos para isso.
Por isso é que ,bad day, está entre virgulas, porque nada é tão mau o suficiente para estar sozinho.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

sussurros

Dói, dói tanto! Já dói á mais de uma hora, já dói á mais de um dia e esta dor não cessa, apenas corrói a esperança de um dia conseguir encher o peito de ar, de um dia o pássaro ganhar asas e voar.
Foi tudo tão real, foi tudo tão vivido de maneira tão intensa que se tornou numa mancha de gordura que caiu no vestido.
É triste quando as lindas histórias de amor acabam assim, e pior que um vestido manchado é um coração estragado.
Foram dias e dias a lutar por nós, pela nossa relação amorosa, que pensando bem talvez já nem fosse tão amorosa quanto isso. Talvez fosse mais uma ligação temporal, uma ligação que se fortaleceu com o passar do tempo ao lado dele.
Sim é irónico, o facto de dar-mos tanto a um outro alguém, de partilhar-mos tanto, de nos entregar-mos totalmente e depois no fim de tudo, isso não valer de nada e nem sequer ser um pretexto, um motivo para não o deixar partir.
E é assim que o fim de tudo começa.
Abre-se uma porta, desocupa-se a casa, ele sai e nós ficamos deitadas a chorar, com a esperança de que ele repare que não está a fazer o melhor para os dois, como pensa, está sim a fazer o melhor por ele, está a estragar os sonhos de alguém, a felicidade de alguém, a deitar fora pela janela uma compilação de melhores momentos da vida a dois, só porque “é o melhor neste momento”.
E passado alguns minutos já não está lá, já só se ouvem os barulhos do exterior, e uns soluços sem parar no quarto. Saiu, fechou o nosso coração, encheu-nos de tristeza e sem esperança naquele quarto que ainda tem o seu odor, que ainda sente o seu respirar e ainda ouve a sua voz.
Acabou-se a vida a dois, começou cada um por si, ou não, talvez ele até tenha outra á espera dele, talvez ele até tenha muitas, a cabeça começa a encher-se de ideias que apertam ainda mais o coração já quase desfeito.
E agora eu aqui deitada na cama, relembro todos os momentos que passamos juntos, as discussões por nada que tínhamos todos os dias, de manha, ao meio dia, e casualmente á noite. De facto a noite era o melhor momento do nosso dia. Era quando tudo acontecia, quando havia tempo para nós, quando estávamos inteiramente juntos, sem pressas para nada, apenas eu ele e a noite.
As nossas fantasias, os nossos segredos, a nossa intimidade, ai a nossa intimidade! Essa estava toda ali, muitas vezes disfarçada de gata, de bailarina do que fosse, era só ele sonhar e tinha sempre tudo quanto queria.
Não posso dizer que muitas vezes não errei, errei sim, errar é humano e faz parte, mas talvez os meus erros alimentaram ainda mais o algo que ele não tinha, o algo que ele procurava.
As pessoas ao meu redor, uma ínfima parte que me tenta acordar para um novo “eu”, acredita que talvez tenha sido mesmo melhor assim, mas essas pessoas não compreendem quanta falta ele me faz, quanto arrasada estou por dentro, e nem que fosse por um bocadinho, eu ia quere-lo sempre de volta.
Um toque, um beijo, uma carícia, um abraço, apenas e só isso. Queria por breves momentos sentir aquele quentinho no coração, esboçar aquele sorriso nos lábios, viver a felicidade outra vez.
Coitadinha, pensam muitos, vadia, pensam outros, parva, penso eu. Sei que carrego comigo a culpa da sua partida, sei que fui eu que falhei, era eu quem deveria ter dado mais de mim porque ele já era perfeito da maneira que era.
Apesar de ouvir que é bom estar assim, “livre”, que eu não tenho culpa e que ele é um cobarde, que tinha que acontecer isso porque o destinos está traçado, eu não mudo as minhas ideias e pior que isso eu não toco nos meus sentimentos, que neste momento estão tão feridos que apenas um toque iria ferir ainda mais.
O amor é estranho, é forte, o amor dói.
Só quem nunca amou é que não sabe o quanto o amor dói, só quem nunca sentiu arrepios no peito é que não sente um aperto quando algo parece estar menos bem.